Paulo Arruda, coordenador do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Universidade Estadual de Campinas, entidade que, em parceria com instituições brasileiras e americanas, desenvolveu uma ferramenta que auxilia o processo de sequenciamento genético da planta, chamado de biblioteca de Cromossomo Artificial de Bactéria (BAC).
“Mapear o genoma da cana é um desafio enorme, pois ele é um dos mais complexos que existem na natureza. Por isso, acredito que a BAC deverá facilitar a vida dos diversos pesquisadores envolvidos neste trabalho. Sendo otimista, acredito que até o fim de 2012 ele estará concluído,” avalia Arruda.O processo de sequenciamento completo do genoma da cana deverá ser concluído até, no máximo, o início de 2013.
“A conclusão do sequenciamento do genoma da cana resultará no desenvolvimento de novas variedades mais produtivas e resistentes a pragas e intempéries climáticas”, Alfred Szwarc, consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).
Glaucia Mendes Souza, coordenadora do Programa de Pesquisa em Bioenergia da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (BION-Fapesp), instituição que financia as principais pesquisas com o genoma da cana no Brasil, incluindo a Unicamp, explica o que falta para se finalizar o sequenciamento do genoma da cana. Segundo ela, o desafio está no desenvolvimento de uma tecnologia capaz de separar as dez cópias de cromossomos da cana, diferentemente do arroz, do sorgo e até mesmo dos seres humanos, que possuem apenas um par da molécula. “Para resolver isso, estamos criando em parceria com a Microsoft Research um algoritmo que separe estas cópias. Estamos quase lá,” revela.
Além de abrir inúmeras possibilidades para o setor no futuro, o sequenciamento do genoma da cana possibilitará enxergar também o passado da cana, e confirmar, por exemplo, uma suspeita: qual a espécie primitiva da cana, responsável pela origem do sorgo, que também influenciou o surgimento do milho, em um processo ocorrido há nove milhões de anos.