sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A sutil diferença entre ser Criativo e ser Inovador

Brasil criativo, mas pouco inovador

por Felipe Scherer em 18/02/2011 às 07:36

Dias atrás foi divulgado um estudo sobre as novas regras da inovação no mundo, do qual participaram mil executivos em 12 países. Chamado Global Innovation Barometer e realizado pela GE, seus resultados não chegam a surpreender. Por exemplo: 95% dos entrevistados acreditam que a inovação é a chave para uma economia mais competitiva.

Porém, o estudo traz achados interessantes. Apesar de nós, brasileiros, não sermos vistos como os mais inovadores, fomos considerados como um dos três países mais otimistas em relação a como a inovação pode melhorar a vida das pessoas e o país.
Na prática isso significa que os executivos entrevistados acreditam que podemos melhorar nossa condição econômica e nossa qualidade de vida inovando mais. É um bom sinal. Afinal, o primeiro passo para inovar é acreditar que precisamos fazê-lo.
Porém, a inovação possui duas matérias-primas fundamentais: criatividade e conhecimento. E é aí é que começam nossas dificuldades.
O Brasil sempre foi considerado um país no qual as pessoas são muito criativas e que acabam por utilizar essa qualidade para resolver os problemas de formas inusitadas, o que deu origem ao chamado "jeitinho brasileiro".
Tal criatividade faz de nós campeões nos esportes e na música, mas ainda não nos ajuda a levanta taças quando falamos dos negócios.
O chamado Índice Global da Classe Criativa, criado pelo pesquisador americano Richard Florida, aponta que somos apenas a 43ª economia mais criativa. Em seu ranking, que estudou 45 países, ficamos à frente de Peru e Romênia.
Isso significa que ainda estamos presos ao paradigma da economia extrativista e industrial, devido ao qual deixamos de incorporar tecnologias que poderiam impulsionar nossas empresas.
Precisamos parar de pensar em resolver velhos problemas de forma criativa e passar a oferecer soluções inéditas para o mercado. Temos que parar de pensar em copiar ou tentar produzir as mesmas coisas mais barato - o que é cada vez mais difícil, uma vez que a China se tornou a fábrica do mundo - e passar a desenvolver novos produtos e tecnologias. Somente assim abocanharemos o filé dos mercados.
Temos crescido em publicação científica e na cultura de depósito de patentes, o que atesta nossa capacidade de gerar conhecimento inédito. Isso é importante, pois tecnologias inovadoras provêm de novos conhecimentos.
Contudo, é preciso avançar em dois itens: na capacidade de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) por parte das empresas e na utilização das patentes geradas.
Com os programas de financiamento, subvenção econômica e leis de incentivos fiscais começamos a caminhar rumo ao aumento das atividades de P&D dentro das empresas. Precisamos agora aprimorar nossa capacidade de utilizar patentes e de converter o conhecimento gerado em novos produtos e processos.
Os sinais são positivos. O volume de investimento corporativo em ações de inovação tem crescido no país, tanto nas empresas nacionais quando nas estrangeiras que aqui atuam. Esse é um bom caminho para transformar a criatividade dos brasileiros em inovação.
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Felipe Scherer é sócio-fundador da Innoscience e autor do livro Gestão da Inovação na Prática

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