Um estudo iniciado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP de Piracicaba e agora executado em parceria entre a universidade e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) conseguiu produzir exemplares de laranjas sem semente após submeter parte da planta à radiação. A exposição do vegetal à radioatividade foi realizada em um equipamento que só o Cena possui no Estado de São Paulo.
Segundo o pesquisador do IAC Rodrigo Rocha Lotado, a parte da planta chamada de borbulho, utilizada para a clonagem do vegetal, é justamente a que passa pelo processo de radiação. A intensidade das ondas é semelhante à de um aparelho de radioterapia, utilizado no tratamento para o câncer. Lotado explica que a radioatividade não permanece no fruto, o que afasta qualquer possibilidade de dano à saúde.
“Logo após o procedimento, já é possível manusear o borbulho sem o menor risco”, diz. A função das ondas gama é acelerar um processo de mutação genética, que na natureza acontece constantemente e ao léu.
Em uma amostra de sete mil borbulhos comuns utilizados na pesquisa, foi possível chegar a sete clones que deram origem a frutos sem nenhuma semente. Estes frutos foram reproduzidos e hoje ainda passam por experimentos para certificação de que, além da ausência das sementes, não tenha havido nenhuma outra mutação negativa.
“As mutações acontecem ao acaso. Não é possível dirigir a transformação genética. Por isso, podem acontecer coisas boas e ruins, como por exemplo, baixar a produtividade”, explica. A previsão do pesquisador é de que num prazo de dois anos a laranja sem semente já esteja pronta para entrar no mercado.
A partir da pesquisa com a laranja, o Instituto Agronômico de Campinas tem desenvolvido um projeto semelhante com tangerina. Para os experimentos, parte do vegetal tem passado pelo aparelho de irradiação da USP. A previsão é de que a novidade chegue ao mercado em quatro anos.
As ondas radioativas já são bastante utilizadas na agricultura, mas com finalidades diferentes deste estudo das sementes. Para entender as melhorias que a radioatividade pode trazer a uma plantação é possível citar como exemplos resultados obtidos na mesma pesquisa das laranjas.
“Além dos frutos sem semente, nós chegamos a alguns frutos mais resistentes a doenças, frutos com maturação mais tardia ou mais demorada e com tamanhos diversificados”, conta Lotado.
Fonte: EPTV
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